quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cartão de Natal: João Cabral de Melo Neto



Cartão de Natal
João Cabral de Melo Neto

Pois que reinaugurando essa criança
pensam os homens
reinaugurar a sua vida
e começar novo caderno,
fresco como o pão do dia;
pois que nestes dias a aventura
parece em ponto de vôo, e parece
que vão enfim poder
explodir suas sementes:

que desta vez não perca este caderno
sua atração núbil para o dente;
que o entusiasmo conserve vivas
suas molas,
e possa enfim o ferro
comer a ferrugem
o sim comer o não.

Publicado em Museu de tudo (1952), este poema retrata bem a poesia do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Pesquisador formal, sempre em busca da máxima concisão e densidade poética, mostra aqui o simbolismo do reinício da vida que todo Natal propicia.

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